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Encerramento de Ciclo: O que avaliar no seu Cartório antes de Virar o Ano

Encerramento de Ciclo: O que avaliar no seu Cartório antes de Virar o Ano

10/12/25

Fim de ano em cartório não é só plantão de RCPN, movimento de escrituras e fechamento de caixa. É também o momento ideal para apertar o “pause”, olhar para trás com senso crítico e decidir, com clareza, como você quer que sua serventia funcione no próximo ano.

Encerrar bem um ciclo significa entender o que funcionou, o que não funcionou e o que precisa mudar — na prática, não só no discurso.

A seguir, um guia para ajudar você a avaliar seu cartório antes de virar o ano, com foco em gestão, segurança jurídica e eficiência.

1. O ano que passou: metas, imprevistos e aprendizados

Antes de qualquer coisa, é importante responder: como foi 2025 para o seu cartório?

Perguntas para guiar essa análise:

  • O que você havia planejado no início do ano? 
    • ampliação de serviços? 
    • troca de sistema? 
    • melhoria de atendimento? 
  • Quais foram os principais resultados: 
    • aumento ou queda no volume de atos; 
    • mudança no perfil de usuários; 
    • novos convênios ou parcerias. 
  • Quais foram os maiores problemas: 
    • filas constantes; 
    • falhas sistêmicas; 
    • apontamentos em correições; 
    • conflitos internos na equipe. 

Aqui o objetivo não é se culpar, e sim dar nome aos fatos: o que aconteceu, por que aconteceu e o que isso ensina para o próximo ano.

2. Qualidade jurídica e conformidade normativa

A base de qualquer serventia é a segurança jurídica. Na avaliação de fim de ano, vale olhar para:

  • Houve apontamentos relevantes em correição? 
    • foram corrigidos de forma estrutural ou apenas “apagando incêndio”? 
  • Houve decisões judiciais reformando atos do cartório com frequência? 
    • qual o padrão dos erros apontados? 
  • Os modelos de atos (escrituras, notas, certidões, requerimentos, notas devolutivas) estão: 
    • atualizados em relação aos provimentos e ao Código de Normas; 
    • claros para o usuário; 
    • padronizados internamente? 
  • Rotinas obrigatórias (COAF, comunicações eletrônicas, SNP, centrais de cada especialidade, registros obrigatórios) estão sendo cumpridas com: 
    • regularidade; 
    • registro interno; 
    • responsável definido? 

Se você identifica que a serventia passa o ano inteiro “correndo atrás da norma”, esse é um sinal claro de que 2026 precisa ter rotinas preventivas, não só reativas.

3. Atendimento e experiência do usuário

Mais do que “atender rápido”, o cartório precisa atender bem. Avalie:

  • Como está a experiência do usuário nos principais canais? 
    • balcão presencial; 
    • telefone; 
    • WhatsApp institucional; 
    • e-mail; 
    • site ou redes sociais (se houver). 
  • Quais foram as principais reclamações em 2025? 
    • demora; 
    • falta de informação clara; 
    • dificuldade em entender documentos exigidos; 
    • linguagem muito técnica. 
  • Existem momentos de pico mal administrados? 
    • finais de mês; 
    • início de manhã; 
    • períodos pós-feriado. 
  • A comunicação básica está clara? 
    • horários especiais de fim de ano; 
    • tabela de emolumentos; 
    • atos gratuitos e direitos do cidadão; 
    • documentos necessários para os principais atos. 

Um bom encerramento de ciclo é reconhecer, com honestidade: o cartório está entregando apenas “o mínimo legal” ou está realmente cuidando da experiência de quem chega em busca de orientação e segurança?

4. Organização interna, processos e produtividade

Aqui é olhar para dentro: o cartório está organizado para trabalhar bem ou tudo depende de “pessoas salvadoras” que resolvem as crises?

Avalie:

  • Fluxos de trabalho estão mapeados? 
    • nascimento, casamento, óbito, escritura, protesto, registro de imóveis, RTD, PJ etc. 
  • Existe retrabalho frequente? 
    • atos refeitos; 
    • títulos devolvidos várias vezes; 
    • certidões que precisam ser reemitidas. 
  • Os prazos internos (além dos legais) estão sendo respeitados? 
  • Há excesso de dependência em algumas pessoas: 
    • “só fulano sabe fazer tal ato”; 
    • risco grande quando alguém sai de férias ou se afasta. 
  • A distribuição de tarefas é equilibrada entre os prepostos ou há sobrecarga? 

Encerrar o ciclo significa também olhar se o cartório trabalha de forma previsível e padronizada, ou se vive em um modo constante de improviso.

5. Equipe: desempenho, clima e desenvolvimento

Nenhuma melhoria se sustenta se a equipe não estiver bem.

Pontos para avaliar:

  • O clima organizacional ficou mais leve, estável ou tenso ao longo do ano? 
  • Houve muita rotatividade (entradas e saídas)? 
    • por quê? 
  • Os principais cargos estão bem ocupados? 
    • balcão; 
    • qualificação de títulos; 
    • lavratura; 
    • caixa; 
    • suporte administrativo. 
  • A liderança está presente? 
    • feedbacks regulares; 
    • alinhamento de expectativas; 
    • acolhimento em momentos de pressão. 
  • Houve capacitação efetiva em 2025? 
    • cursos técnicos; 
    • treinamentos de uso de sistema; 
    • orientações sobre novas normas; 
    • desenvolvimento de habilidades comportamentais (atendimento, comunicação, trabalho em equipe). 

No encerramento de ciclo, vale também perguntar:
quem cresceu, quem está pronto para mais responsabilidade e quem precisa de apoio mais próximo em 2026?

6. Saúde financeira e sustentabilidade do negócio

Cartório é delegação de serviço público, mas a gestão financeira precisa ser profissional.

Na avaliação de fim de ano, olhe para:

  • Como ficou o resultado financeiro do ano? 
    • houve sobra saudável de caixa ou o ano fechou no limite? 
  • As principais fontes de receita estão claras: 
    • quais especialidades mais faturam; 
    • quais serviços estão crescendo ou caindo. 
  • Os atos gratuitos e ressarcidos estão sob controle: 
    • há perdas por falta de lançamento correto? 
    • há pedidos de ressarcimento indeferidos por falhas formais? 
  • As principais despesas: 
    • folha de pagamento; 
    • tecnologia e sistemas; 
    • estrutura física; 
    • segurança; 
    • treinamentos.
      Foram revisadas e otimizadas ao longo do ano? 
  • reserva financeira mínima para enfrentar: 
    • oscilações na tabela de emolumentos; 
    • manutenção inesperada; 
    • investimentos urgentes em tecnologia ou estrutura. 

Encerrar o ciclo financeiro com clareza ajuda a planejar, com responsabilidade, onde será possível investir em melhorias no próximo ano.

7. Tecnologia, segurança da informação e riscos operacionais

A tecnologia deixou de ser apoio para se tornar espinha dorsal da operação.

Na avaliação de fim de ano, considere:

  • Quantas vezes o cartório ficou parado por: 
    • queda de sistema; 
    • problemas de hardware; 
    • falhas de internet; 
    • indisponibilidade de integrações. 
  • Houve incidentes de: 
    • perda de dados; 
    • necessidade de restauração de backup; 
    • falhas de segurança da informação. 
  • Os backups estão: 
    • automatizados; 
    • testados; 
    • armazenados fora do local físico do cartório (off-site)? 
  • Os acessos ao sistema: 
    • são individuais e rastreáveis; 
    • seguem uma lógica de perfis; 
    • são revogados imediatamente quando alguém sai. 
  • A equipe sabe o básico de cibersegurança? 
    • cuidado com anexos e links; 
    • uso de senhas fortes; 
    • não compartilhamento de logins; 
    • postura adequada com dados pessoais (LGPD). 

Se a resposta para muitas dessas perguntas é “não” ou “não sei”, 2026 precisa incluir um plano concreto de gestão de riscos e segurança tecnológica.

8. Imagem institucional e relacionamento com o entorno

O cartório não vive isolado: ele se relaciona com a comunidade, com a Corregedoria, com outros órgãos e com a classe.

Na hora de encerrar o ciclo, reflita:

  • Como está a relação com: 
    • Corregedoria local; 
    • Ministério Público; 
    • advocacia da região; 
    • prefeituras e órgãos públicos; 
    • bancos e empresas com grande volume de títulos. 
  • O cartório participou de: 
    • eventos da classe; 
    • capacitações institucionais; 
    • projetos de aproximação com a sociedade (palestras, mutirões, ações educativas)? 
  • Sua imagem perante o público é de: 
    • burocracia e frieza; ou 
    • serviço essencial confiável e acessível? 

Encerrar o ano fazendo esse balanço ajuda a definir qual posicionamento institucional você quer fortalecer no próximo ciclo.

9. Projetos iniciados, projetos adiados e novas prioridades

Todo ano começa cheio de ideias. No fim, algumas foram à frente, outras ficaram pela metade e outras nunca saíram do papel.

Antes de virar o ano, liste:

  • Projetos concluídos em 2025: 
    • o que funcionou bem e merece ser ampliado? 
  • Projetos iniciados e não finalizados: 
    • ainda fazem sentido? 
    • precisam de ajustes ou de mais recursos? 
  • Projetos que ficaram na gaveta: 
    • seguem prioritários para 2026 ou perderam o timing? 

A partir desse filtro, escolha com clareza:

  • 3 prioridades estratégicas para o próximo ano (por exemplo: 
    1. elevar o nível de conformidade e padronização; 
    2. investir em capacitação da equipe; 
    3. fortalecer a segurança da informação e os backups). 

Menos é mais: é melhor escolher poucas prioridades e executá-las bem do que tentar abraçar tudo e não consolidar nenhuma mudança.

10. Como conduzir, na prática, o encerramento de ciclo

Para que essa avaliação não fique só “na cabeça do oficial”, transforme o encerramento de ciclo em um movimento estruturado:

  1. Reunião de fechamento 
    • compartilhe dados do ano; 
    • apresente conquistas e desafios; 
    • dê espaço para a equipe trazer percepções e sugestões. 
  2. Registro em documento 
    • elabore um relatório interno de encerramento de ciclo; 
    • organize por temas: jurídico, processos, equipe, finanças, tecnologia, imagem institucional. 
  3. Plano sintético para o novo ano 
    • defina prioridades; 
    • atribua responsáveis; 
    • estabeleça prazos; 
    • crie uma rotina de acompanhamento (mensal ou bimestral). 

O objetivo é transformar a avaliação em compromissos concretos, que possam ser acompanhados ao longo do ano seguinte.

Conclusão: virar o ano com consciência, não só com calendário novo

Encerrar um ciclo no cartório é mais do que pendurar um calendário novo na parede. É escolher, de forma consciente, o que você quer levar para 2026 e o que precisa ficar em 2025.

Olhar para o jurídico, para a gestão, para as pessoas, para a tecnologia e para a imagem institucional com honestidade é um ato de responsabilidade com o cidadão e com a própria delegação.

Com uma boa avaliação de fim de ano, o cartório entra no próximo ciclo mais maduro, mais organizado e muito mais preparado para crescer com segurança e eficiência.

fonte: Officer Soft